segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mulher, Castidade e seus paradoxos.

Por Juliana Portella



Estava no site do oglobo hoje e fui ao link 'carnaval 2008', daí li uma matéria sobre Ângela Bismarchi modelo e recordista em cirurgias plásticas. parece que nesse carnaval, Angela vai fazer uma cirurgia para ficar japonesa. mas isso não importa agora. Ver a Foto de Angela Bismarchi hoje me fez lembrar de uma cirurgia que ela fez em uns anos, assim que casou com seu atual marido, o cirurgião Wagner Moraes. A cirurgia de reconstituição do hímem, a Himenoplastia. Daí então a jovem repórter aqui resolveu pesquisar. A Himenoplastia foi criada na França e chegou ao Brasil há mais de 10 anos. Ela virou moda entre as mulheres nos Estados Unidos e na Europa, onde surgiu. De acordo com o cirurgião plástico Wagner Moura, a operação é simples e quase não provoca dor. “O procedimento realizado com anestesia local dura, em média, 30 minutos”. A recuperação também é rápida. “Se a paciente deseja recuperar a virgindade para perdê-la em seguida, é possível ter relações sexuais após 15 dias”, diz o médico. Dados da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos: a himenoplastia é uma das mais solicitadas cirurgias nos últimos anos (governo Bush) e enche os bolsos dos cirurgiões. É resultado direto da Lei da Mordaça, da sacralização da virgindade e do estímulo à castidade. Eis um assunto interessante. A algum tempo atrás virgindade era sinônimo de honra. Será que ainda é, gente? Acho que essa cirurgia só defende a ultrapassada idéia onde a dignidade da mulher esta entre suas pernas e a sua honra na integridade himenal. Tá certo que sexo não é como limpar os ouvidos, simples e corriqueiro. Acredito que é auge do carinho, do tesão, do amor..E cada um sabe de si. Guardar “virgindade” ou transar sem a obrigatoriedade de casar são opções de foro íntimo das mulheres na era dos direitos humanos. Injustiças e crimes ainda são cometidos às custas da ignorância masculina sobre os tipos ou a ausência de hímen; e pela não primazia da “defloração” (ah, nome feio!) do cabaço (ah, nome horroroso!) de suas mulheres. Que ridículo! A ''emancipação'' ou pseudo liberação da mulher não pode estar condicionada a liberdade de cometer atos de obscenidades degradando desta maneira a si própria. Em suma, foi criado um conceito falso de liberdade, e através dos meios de comunicação ele é propagado, a mulher entorpecida pela perspectiva ilusória de ''gozar a vida sem culpas'' consomem-na avidamente sem que se apercebam que a sua verdadeira liberdade lhe é pouco a pouco retirada; principalmente a sua dignidade enquanto ser humano. Não estou sendo conservadora não, muito pelo contrário. Mulher não é mercadoria. Virgindade não é ouro. "O hímen, uma reles membrana no intróito vaginal, não é “aquela” muralha de concreto que exige “arrombamento”, donde jorrará um mar vermelho de sangue. Ele pode ter abertura anelar larga ou ser complacente – permitindo a penetração, dando a impressão que “já era” – e muitas mulheres nascem sem hímen. Diz a Ginecologista Fátima Oliveira. É importante que a sociedade, principalmente as mulheres não sejam neoróticas a ponto de acreditar que liberdade e dar pra todo mundo, só fazendo juz ao que a mídia afirma. Contudo, nós mulheres, devemos ocupar, de fato o espaço. Alcançar a emancipação. E a tão sonhada liberdade.