sábado, 26 de junho de 2010

Cultura, um termo reacionário?

Por Juliana Portella


                       Não podemos dar início a um trabalho de cultura, sem antes mencionar a essência desse termo. E, mais que isso, buscar raízes dentro do conceito de humanidade. Toda cultura, resulta do esforço do homem na construção de sua própria existência. O termo cultura é amplo, mas está limitado ao que diz respeito ao homem.
                     Tendo como base o texto de Leroi Gourthan, que estuda as relações entre a sociedade animal e a sociedade humana, vamos entender o que é humano. O que nos diferencia dos outros animais. 

                  Leroi Gourthan, afirma que, em nenhuma fase de sua evolução, o homem esteve dependente apenas do orgânico ou do instintivo. Gouhan eleva a importância do agrupamento social, que é mantido através de um suporte de tradições que é social, animal e humano. Em outras palavras, Gourhan evidencia que nosso comportamento depende no nosso meio, de onde estamos, da comunidade. Ao viver com lobos, qualquer ser humano pode adquirir comportamentos socias dos lobos, por exemplo.

                Neste primeiro momento, podemos concluir então, que cultura, no sentido amplo, é tudo que o homem faz, seja uma produção material ou espiritual, seja pensamento ou ação, só tem que ser humano.


Cultura numa abordagem antropológica
                  Atualmente, o termo cultura é considerado como produção intelectual. Dizem: “João é culto, lê muito”. Ou, “Fulano é inculto, parou de estudar”. Geralmente é considerado inculto aquele que não sabe, que não está inserido no saber da maioria, da elite. No entanto, essa perspectiva de cultura está distorcida já que a antropologia diz que cultura é modo de vida, subjetividade humana.

                  O termo cultura, do latim, significa cultivar. É um conceito criado para designar a identidade própria de um grupo humano em um território determinado conjunto de manifestações humanas.

                  Evidentemente, como não vivemos em uma sociedade homogênea, qualquer produção cultural está sujeita a variações. A cultura é dinâmica.


... pode ser que nas particularidades culturais dos povos – nas suas esquisitices – sejam encontradas algumas das revelações mais instrutivas sobre o que é genericamente humano. E a principal contribuição da ciência antropológica à construção – ou reconstrução – de um conceito do homem pode então repousar no fato de nos mostrar como encontrá-las. (GEERTZ, A interpretação das culturas)

                Geertz salienta que, a cultura não deve ser vista somente como um padrão concreto de comportamento e sim como um conjunto de mecanismo de controle – planos, receitas, regras e instruções.
 Cultura, uma arma de controle?

                   Dentro deste tema tão amplo estudado, é importante reconhecer os riscos da manipulação cultural. Começamos a tratar agora de uma cultura imposta, que vem de cima para baixo, com intuito de dominação.

                   Como sistemas entrelaçados de signos interpretáveis (o que eu poderia chamar de símbolos, ignorando as utilizações provinciais), a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade.