sábado, 30 de abril de 2011

Eu, cineasta ?

Por Juliana Portella

Estou tranbordando de entusiasmo com o novo curso de audiovisual que farei na Escola Livre de Cinema. Sempre admirei muito o trabalho da escola e como sou apaixonada por comunicação, resolvi participar do processo seletivo. Depois que a ELC passou a ser patrocinada pela Petrobrás e ter apoio  da UFF, todo mundo quer estudar lá. Inclusive eu que não sou  otária, né? Já que sou monitora de audivisual e jornal escolar no trabalho  com as  crianças, pensei: o curso perfeito é o de audiovisual para educadores. Fui aprovada.

Oras, se hoje existe o Youtube, blogs. facebook, fotologs etc,  porque não mergulhar nessa onda? Eu que já tenho um caso de amor com as palavras pretendo agora ter um caso com o audiovisual. As palavras não têm ciúmes e vão tão pouco se importar. Não preciso da ancine, nem tenho expectativas mercadológicas com cinema. A grande sacada de estudar sendo  educadora é porque dá pra multiplicar conhecimento. Agitar pensamentos. Criar possibilidades de intervenção da realidade. E isso não há dinheiro que compre.

Existe uma outra parada que é espetacular, mora em mim uma necessidade imensurável de devolver a credibilidade que depositaram em mim quando só tinha apenas  17 anos,  morava lá pros lados de Cabuçu, disseram que eu tinha nascido repórter. Olhá que loucura, mano. Eu, repórter?!  Já que eu tinha  os pais semi-analfabetos, tinha acabado de entrar para o Movimento Estudantil da minha Cidade,  uma vontade ímpar de mudar a realidade que me cercava e o miolo-mole  acreditei, né?! Foi quando virei  redatora do Minha Rua Tem História, depois colunista do Jovem Repórter. Hoje  repórter  do Cultura NI, correspondente do Viva Favela, editora do Planeta Paris, assessora de imprensa da @prefbelfordroxo, estudante de  Jornalismo na UFRRJ e uma escritora meia-boca, intrusona na área de webdocumentário que acredita que vai mudar o mundo através da educação. Preciso sentir o gostinho de dever  cumprido ao mostrar para meus alunos que o que tem dentro da casa deles, na comunidade e na escola pode virar um filme.





segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mínimos Detalhes



Por Juliana Portella

Nos seus cinco anos de atividades, a Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu vem mudando a vida de jovens e crianças através do audiovisual. A Escola, que era mantida pela prefeitura desde o ano de 2006, passa a contar com um aliado de peso para dar continuidade a seus trabalhos. Através de recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (ICMS), a ELC ganha patrocínio da Petrobrás para dar continuidade ao sonho de investir na capacitação de crianças e jovens da periferia.
Palavra, corpo e território. É nessa trilogia que está focada a revolução no ensino audiovisual que propõe a Escola Livre de Cinema desde a sua formação, pelo cineasta, escritor e diretor Marcus Vinicius Faustini. A cada ano o ensino é baseado em uma metodologia. Em 2009, as produções basearam-se nos contos de Câmara Cascudo. Em 2010, os alunos tiveram o desafio de produzir um vídeo autorretrato, com apenas um minuto, sem poder mostrar o próprio rosto. Toda essa didática compõe a cena estética da escola . Este ano a metodologia é baseada na ficção. Sendo o cinema um retrato da realidade do mundo, com esse tema como principal, mundos inventados estão por vir.
Brincando de cinema, divertindo-se com a descoberta de um mundo faz de conta, cada menino e menina das turmas A ou B recebe atividades muito bem planejadas e com objetivos pré-estabelecidos. Na ELC, ninguém é detentor do saber e nenhum aluno receptáculo vazio. As crianças trazem experiências do seu território e através da troca constroem conhecimento. Não é à toa que o diretor metodológico da escola, Anderson Barnabé, se preocupa com os minímos detalhes desse processo de formação de conhecimento. "Nós monitores/mediadores passamos periodicamente por uma capacitação. Tudo que faz parte do planejamento é testado conosco", garante a mediadora Josy Antunes, que também é jovem repórter.
Todo esse cuidado faz parte do sistema de ensino da escola, que conta com o apoio de estudantes de cinema da UFF (Universidade Federal Fluminense), que contrubuem na criação de atividades lúdicas. Jogos cênicos, artes plásticas, literatura e exercícios corporais resultam no desenvolvimento intelectual e cultural de cada aluno. Para cada turma, existem dois mediadores para aplicar as atividades e trocar experiências. Um é aluno da UFF, e o outro é ex-aluno da ELC.
Josy Antunes faz parte dessa equipe de mediadores. Vale a pena lembrar que Josy, além de formação superior em Cinema pela Universidade Estácio de Sá e ex-aluna da ELC, tem formação em magistério. "Quando concluí o magistério eu fugi. Não queria dar aula, achava responsabilidade demais assumir uma turma de alunos. Hoje estou lecionando na Escola Livre de Cinema. Estou atuando nas minhas duas áreas de formação e estou muito feliz", conta Josy.


Visibilidade
Grandes ideias resultam em visibilidade. E a Escola Livre de Cinema é uma verdadeira fábrica de ideias e tem sido alvo de muito aplausos e holofotes. Quem diria que na Baixada Fluminense haveria uma escola de cinema gratuita e de qualidade? Muitos que não acreditam vem conferir. Na última semana, a equipe do Programa Hoje em Dia, da Rede Record, visitou a Escola.
Com fôlego renovado, ideias e câmeras nas mãos da garotada essa escola ainda vai ser modelo de ensino para o mundo, e Nova Iguaçu grande polo de produção audiovisual.
Quem quiser fazer parte do quadro de alunos terá que passar por um processo seletivo que tem sua primeira etapa no próximo sábado, dia 09 de abril. As inscrições estão abertas. Dublagem, Blognovela, Videoclipe para You Tube e Audiovisual para Educadores. São os cursos oferecidos para este ano. Mais informações pelo tel: 2886-3889 /2886-3502. A escola fica localizada na Rua Santos Filho, nº 87 - Miguel Couto