quinta-feira, 14 de maio de 2009

Malabarismo Econômico na Baixada

Colocando laje em casa de uma maneira divertida e econômica

Por Juliana Portella

                       Existe uma maneira bem divertida e econômica de se colocar laje em casa. É muito comum em construções na região da Baixada Fluminense. Se faz um prato especial e toda a vizinhança trabalha e se diverte. Mas a história que hoje eu conto pra vocês foi um episódio inusitado, que aconteceu na casa da Márcia Cristina dos Santos, moradora do bairro de Cabuçu, Nova iguaçu. Num momento de dificuldades financeiras, o telhado da casa começou a apresentar problemas e a família resolveu colocar laje. O padrasto de Márcia fez um malabarismo econômico e comprou o material na loja de construção na vizinhança, antes de chamar os amigos que ajudariam a virar o concreto.
                        No dia de bater a laje, sua irmã mais velha fez uma feijoada para a rapaziada que iria trabalhar o dia inteiro. Eram cerca de 10 homens. O grupo era animado e trabalhador, mas a fama da feijoada da irmã dava mais disposição a eles. Todos sonhavam com aquela suculenta feijoada no final de um duro dia de trabalho. Os primeiros sinais de quem nem tudo ia sair conforme o planejado caíram do céu, juntamente com as gotas de uma chuva inesperada. Preocupados com os estragos da chuva, os homens acataram a idéia do chefe da laje. "Vamos forrar uma lona por cima do que já está pronto", anunciou ele, de cima do telhado. "A casa não é tão grande assim."
                 A rapaziada respirou aliviada quando a chuva passou, e retomou o trabalho. Mas quando os homens subiram para dar continuidade ao trabalho, a fome começou a perturbar o juízo do irmão de doze anos de Márcia. "Quando é que a gente vai comer aquela feijoada?", perguntava ele. Márcia pediu para que o menino aguardasse, mas ele, teimoso como uma mula, foi até o panelão pegar um pouco de feijoada. E desesperado de fome, ele esqueceu que a panela estava quente.
                Foi aí que a aguardada feijoada, com seus cheirosos pedaços de carne, lingüiça, orelha de porco, acompanhada não do arroz branco e farofa, mas do grito do menino. Não, o menino não se machucou, nem se queimou quando virou a panela. Mas, a feijoada, foi toda no chão. Que azar, ninguém mais saboreou a feijoada! E o coitado do menino, levou tanta bronca naquele dia que nunca mais se atreveu a teimar com suas irmãs. Com muita indignação, a irmã de Márcia teve que improvisar um macarrão, para aquele mutirão que trabalhara a manhã inteira. Márcia estava morrendo de vergonha quando serviu os pratos da rapaziada.

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